Após rumores de que o Hospital Dr. Sansão Gomes, em Tarauacá, no interior do Acre, tenha tido falta de oxigênio para atender pacientes com Covid-19 neste domingo (28), a diretora da unidade, Laura Pontes, explicou que sete pacientes que estavam na unidade, sendo cinco de Tarauacá e dois de Feijó, foram transferidos de avião para o Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, por estarem precisando ficar em uma unidade de alta complexidade.
O G1 entrou em contato com o diretor clínico do Hospital do Juruá, Marlon Holanda, e ele confirmou que a unidade recebe pacientes destes municípios, mas que ainda não estava sabendo da transferência dos sete que seriam encaminhados para a unidade.
Mesmo com a negativa da gestora sobre a falta de oxigênio, o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) informou, na tarde deste domingo (28), que o hospital da cidade estaria sem o produto.
“Um cilindro foi enviado de Feijó para Tarauacá, mas a situação requer atenção e urgência, pois existem pacientes com Covid-19 internados.”
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) esclareceu que é inverídica a informação de que faltou oxigênio no Hospital Dr. Sansão Gomes, em Tarauacá. (Veja nota mais abaixo)
“Nesse momento, o hospital está sob controle, estamos aguardando agora a aeronave que vai levar cinco pacientes de Tarauacá e dois de Feijó. Eles vão para a nossa regional de referência, que é o Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul. Eles vão receber os sete pacientes. Já confirmamos que lá tem vaga”, disse a gestora.
Falta de oxigênio
Laura esclareceu que não houve falta de oxigênio no hospital, o que aconteceu foi que os pacientes estavam em situação mais grave e na unidade de Tarauacá não há leitos de UTI.
“Os hospitais do interior não possuem usina de oxigênio. São fornecidos para a gente cilindros de oxigênio. O que acontece é que como estamos com um número maior de pacientes com Covid, o número de balas não estava comportando, porém, ninguém ficou sem oxigênio. A gente sinaliza para a Sesacre [Secretaria de estado de Saúde] e eles mandam.”
Ela disse ainda que quando o paciente chega na unidade de saúde, as equipes tentam estabilizá-los e, caso não haja melhora, eles são referenciados para o município vizinho, Cruzeiro do Sul.
“Aqui teve um aumento no número de casos e de pessoas que precisaram de atendimento. A população não está colaborando, a gente passou por um processo de alagação, com a situação nos abrigos que aglomerou. Nós oferecemos EPIs, mas a população não usava, eu visitei os abrigos”, acrescentou.
Informação inverídica
“A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) esclarece que é inverídica a informação de que falta oxigênio no Hospital Dr. Sansão Gomes, em Tarauacá. Em nenhum momento a direção do hospital foi procurada pelo Sindicato dos Médicos do Acre, que divulgou a informação sem confirmação, motivo pelo qual pedimos retratação pública.
De fato, a unidade não possui usina de oxigênio, mas recebe carga suficiente a cada semana, conforme cronograma de distribuição da Sesacre para os municípios. Nos últimos 4 dias, Tarauacá recebeu um volume significativo de pacientes com Covid-19, os quais ocuparam 100% de dos leitos hospitalares e passaram a fazer uso do oxigênio em alta escala.
O hospital de Tarauacá possui controle de uso de oxigênio, sendo possível estimar a quantidade necessária para realização de pedido antecipado à Sesacre, sem qualquer prejuízo no atendimento. Reforçamos, portanto, que a unidade não deixou de ter oxigênio para ofertar aos pacientes. A Sesacre prontamente atendeu todos os pedidos e abasteceu o hospital duas vezes, somente nesta semana.”
Covid-19 no interior
O boletim da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou que até este domingo (28) o município de Tarauacá tem 4.255 infectados pela Covid-19 e 16 óbitos.
Já a cidade de Feijó tem 1.631 pessoas infectadas pela doença e 34 óbitos. Cruzeiro do Sul, onde fica a unidade de referência que recebe os pacientes das duas cidades, tem 5.760 pessoas doentes e 104 mortes confirmadas pela doença.
Calamidade
O governo do Acre decretou calamidade pública na última segunda (22) em dez cidades do estado afetadas pelas enchentes. O decreto foi publicado em uma edição extra do Diário Oficial do Acre (DOE) e é válido por 90 dias.
Pelo menos em oito dessas cidades atingidas os rios estão com vazante (diminuição no nível das águas) e com estabilidade. Mesmo assim, a cheia é considerada histórica e atinge cerca de 118 mil moradores do estado acreano.
A portaria abrange as seguintes cidades:
- Rio Branco;
- Cruzeiro do Sul;
- Tarauacá;
- Feijó;
- Porto Walter;
- Santa Rosa do Purus;
- Rodrigues Alves;
- Mâncio Lima;
- Sena Madureira;
- Jordão.
Fonte: G1 Acre