O hospital A.C. Camargo, referência no tratamento de câncer em São Paulo, vai parar de atender pacientes do SUS a partir de 10 dezembro. A informação foi publicada nesta segunda-feira (15) no jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com a instituição de saúde, que oferece tratamento para 88 tipos de câncer, os recursos provenientes do Ministério da Saúde que são repassados ao hospital pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo não são o bastante para cobrir os atendimentos públicos. Isso faz com que o próprio A.C. Camargo tenha que arcar financeiramente com o rombo. Em 2021, por exemplo, esse aporte foi de R$ 98,4 milhões, sendo que o valor recebido por meio da tabela SUS para consultas, procedimentos e cirurgias foi de R$ 36 milhões.
Além disso, outro problema é que os pacientes do sistema público de saúde que são encaminhados ao A.C. Camargo para tratamento oncológico acabavam recorrendo à instituição também para fazer o tratamento de outros problemas. “Se ele cai de moto, ele quer reabilitar aqui. Se ele é diabético, ele quer se tratar aqui”, disse à Folha o CEO do A.C. Camargo Cancer Center, Victor Piana de Andrade. Segundo o Atlas dos Centros de Cuidados do Câncer, do Instituto Oncoguia, 47% dos recursos públicos recebidos pelo hospital foram utilizados para tratar questões de saúde do paciente oncológico não relacionadas ao câncer.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que foi comunicada pela Fundação Antônio Prudente, que administra o A.C. Camargo, a respeito da não renovação do contrato, mas disse que tem realizado reuniões com o objetivo de avaliar a possibilidade de dar continuidade à parceria. Além disso, ressaltou que os pacientes do SUS com câncer seguiram tendo assistência oncológica através de outras unidades de saúde reguladas pelo governo do Estado por meio da Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços em Saúde).
Ao ser indagado pela Folha sobre a falta de reajuste, o Ministério da Saúde alegou que “a tabela não constitui a principal e nem a única forma de financiamento do SUS” e que “os valores são referenciais mínimos, podendo ser complementados pelos gestores estaduais e municipais, de acordo com as demandas e necessidades de cada território”. Com informações do nexo jornal.