Depois de ter ficado 90% debaixo das águas do rio, Tarauacá continua passando por uma operação de limpeza e, até este domingo (28), foram retiradas cerca de 3,2 mil toneladas de entulho dos bairros da cidade do interior do Acre. A informação foi confirmada ao G1 pelo secretário de Obras do município, Rosenir Artêmio.
Em média, foram retiradas 800 toneladas por dia de lixo e entulho. Segundo o secretário, o entulho está sendo levado para um terreno que foi cedido à prefeitura.
Com uma população estimada em 43.151 pessoas, a cidade foi uma das mais atingidas pela cheia e chegou a ter 28 mil moradores afetados. De acordo com a Defesa Civil, dos nove bairros que há na cidade, apenas um não foi atingido pelas águas.
Na segunda-feira (22), quando as águas baixaram, os moradores começaram a voltar para a casa e relataram que a cidade estava como um cenário de guerra.
Ruas de Tarauacá ficaram tomadas por lama e entulho após enchente — Foto: Arquivo/Secretaria de Obras
Depois de chegar a 11,15 metros, o Rio Tarauacá está com 7,20 metros neste domingo (28), segundo dados da Defesa Civil. Com isso, está a 2,3 metros da cota de transbordo, que é de 9,50 metros e a 1,3 metro da cota de alerta, que é de 8,50 metros.
“Estamos com cerca de 70% da cidade já limpo e o trabalho continua sendo feito. Como deu uma amenizada na questão do entulho, já na sexta-feira [26] e no sábado [27], até 12h, trabalhamos fazendo os serviços paliativos de ruas, no caso das ruas que foram danificadas pela cheia e abriram crateras. Então, estamos trabalhando com barro areoso e esse é o serviço que podemos fazer no momento, ainda não dá para fazer um trabalho definitivo. Começamos pelo bairro Triangulo, que é da parte baixa da cidade”, disse o secretário.
Conforme a Defesa Civil do Município, os abrigos que receberam moradores desabrigados já foram desmontados e todos os atingidos já retornaram para suas casas. Agora, o órgão faz a entrega de kits de limpeza e também assistência com entrega de sacolões. A cidade decretou calamidade pública no dia 18.
Casos de dengue
Além de enchente e pandemia de Covid-19, Tarauacá enfrenta o alto número de casos de dengue. Segundo boletim epidemiológico divulgado na quinta-feira (25) pela Secretaria Municipal de Saúde, o município registra 1.827 casos positivos de dengue.
Os dados foram atualizados até quarta-feira (24). Há ainda mais de 2,4 mil notificações de casos suspeitos da doença. Mais de 2,5 mil moradores da cidade procuraram atendimento ambulatorial depois de apresentarem sintomas parecidos com os da dengue. Ainda segundo o boletim, a cidade tem cinco casos suspeitos de zika vírus e outros 17 suspeitos de chikungunya.
Em todo o Acre, são registrados mais de 7,5 mil casos suspeitos de dengue e outros 1.683 casos já confirmados da doença em menos de dois meses. Os dados são do boletim epidemiológico do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) e levam em consideração os registros entre os dias 1º de janeiro até 23 de fevereiro.
Tarauacá teve uma das situações mais críticas do estado em relação à cheia — Foto: Juan Diaz/Arquivo pessoal
Pandemia de Covid-19
O Município de Tarauacá registra 4.255 casos positivos de Covid-19, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) nesse sábado (27). Ao todo, 16 pessoas perderam suas vidas por conta da doença.
Em todo o Acre já são registrados 57.337 casos positivos da infecção pelo novo coronavírus e 996 mortes. O estado está em contaminação comunitária desde o dia 9 de abril.
Com relação à taxa de incidência, Tarauacá está em 3º lugar no ranking dos municípios acreanos com maiores taxas. Segundo boletim, a cidade te uma taxa de 986 para cada 10 mil habitantes.
Calamidade pública
O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) reconheceu, na segunda-feira (22), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), estado de calamidade pública em 10 cidades do Acre atingidas por inundações causadas pela cheia dos rios no estado.
Os municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Feijó, Tarauacá, Jordão, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Mâncio Lima e Rodrigues Alves enfrentaram dificuldades com parte da população desabrigada (encaminhada para abrigos) e desalojada (levada para casa de parentes).
O governador do Acre, Gladson Cameli, havia decretado calamidade em uma edição extra do Diário Oficial do estado (DOE) também na segunda. A cheia dos rios chegou a atingir mais de 130 mil pessoas no Acre.