Preço do petróleo americano derrete e fica negativo pela 1ª vez na história
O preço do barril de petróleo americano registrou nesta segunda-feira preço negativo pela primeira vez na história, o que reflete a dramática situação do segmento na esteira da pandemia do novo coronavírus.
Os contratos do petróleo West Texas Intermediate (WTI) com vencimento em maio fecharam hoje com queda de quase 300% e chegaram a -37,63 dólares por barril, o que significa que os produtores estão entregando a commodity, em meio ao colapso da demanda.
Um dos maiores analistas no setor de petróleo, Antoine Halff, diz que essa situação de preço negativo pode durar algum tempo, mas não muito. Ele é pesquisador no Center on Global Energy Policy, da Universidade de Columbia (EUA), analista-chefe da Kayrros, uma empresa de análise de dados na área de energia, e também foi analista-chefe da Agência Internacional de Energia para o setor de petróleo.
“Produtores não sabem mais o que fazer de seu petróleo, não conseguiram parar ou reduzir suficientemente a produção, e também não têm comprador nem capacidade estocagem para guardar seu petróleo”, diz Halff.
Isso está acontecendo em algumas partes dos EUA, mas também no Canadá, segundo ele. “Produtores pagam para se desfazer da produção”, constata.
Ele explica que o problema é que é muito custoso de parar a produção de petróleo em certas situações. “Há um risco quando se para um poço ou unidade inteira de produção”, diz.
Segundo Halff, poços bastante velhos e pouco produtivos ficam normalmente em campos que estão em fim de vida, com uma pressão possivelmente fraca. “Se parar o poço, corre-se o risco de provocar uma despressurização do campo, a tal ponto que não se pode mais retomar a exploração e será muito custoso de injetar artificialmente muita pressão em seguida”.
Conforme as primeiras estimativas, o consumo de petróleo no mundo caiu entre 20 e 30 milhões de barris por dia. Além do choque de demanda, existe uma quase saturação da capacidade de estocagem.
Por Assis Moreira, Valor