A ex-ministra do Meio Ambiente e uma das principais figuras opositoras ao governo Bolsonaro, Marina Silva (REDE), usou as redes sociais para repudiar a fala do presidente Jair Bolsonaro (SEM PARTIDO) em relação ao trabalho infantil. Bolsonaro disse em evento da Associação de Bares e Restaurantes na última terça-feira (26) que “bons tempos em que menor podia trabalhar”, a fala resultou em repúdio da ex-senadora do Acre.
“Bons tempos, né? Onde o menor podia trabalhar. Hoje ele pode fazer tudo, menos trabalhar, inclusive cheirar um paralelepípedo de crack, sem problema nenhum”, afirmou Bolsonaro
Em sua postagem, Marina Silva lembrou que a polêmica em torno de Bolsonaro e o trabalho infantil é antiga e que em 2018, durante a campanha eleitoral, ele havia feito um discurso desqualificando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) afirmando que o mesmo era “um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”.
“O ECA é resultado de um debate feito no parlamento brasileiro, pelos representantes da população, teve, na sua formulação, contribuições de muitos estudos feitos por especialistas em desenvolvimento infanto-juvenil nas mais variadas áreas de conhecimento e se orientou pela preocupação em promover em nosso país uma infância cuidada, estimulada para desenvolver seus potenciais, preparada para serem bons membros de uma sociedade sadia, justa e fraterna”, comentou a ex-ministra.
Para Marina, as palavras do presidente “Causa espanto e perplexidade a exposição de uma convicção tão desprovida de embasamentos técnicos, pautada apenas em convicções políticas e ideológicas sobre um assunto com esse nível de complexidade, como se fosse a verdade a guiar os destinos de nossas crianças e adolescentes, sobre o que deve ser oferecido a eles como formação e oportunidades para que se tornem pessoas dignas, solidárias e plenas”.
O partido de Marina, o Rede Sustentabilidade e em nota disse que “Como presidente, Jair Bolsonaro deveria contribuir para a erradicação desta violação na sociedade, propondo políticas públicas efetivas que visem a proteção integral de crianças e adolescentes, garantida pela Constituição – e não reforçar os mitos que naturalizam e inviabilizam 2,4 milhões de crianças e adolescentes explorados no Brasil”.
A Rede lembrou ainda que “a própria legislação brasileira é contrário ao trabalho infantil. Constituído em 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é um marco legal e regulatório dos direitos humanos de crianças e adolescentes no Brasil. Ele surgiu para garantir a proteção efetiva de meninas e meninos brasileiros sob os cuidados de uma legislação específica”.
O partido que tem a liderança de Marina finaliza o comunicado dizendo que “O Fórum Nacional denuncia essa grave violação dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes e convoca a sociedade e as famílias brasileiras para defender e garantir a todas as crianças e adolescentes brasileiros o direito de brincar, de estudar, de se desenvolver plenamente, de crescer em ambientes protegidos e acolhedores e assim contribuir, como cidadãs e cidadãos adultos, para o desenvolvimento econômico e social sustentável do Brasil”.
Por Wanglézio Braga, do O Rio Branco