Um roteiro para entender por que Dilma Rousseff é pior do que Lula

A presidente não condena as ditaduras, pelo menos não as comunistas, por mais tirânicas e longevas que sejam. O ex-presidente Lula da Silva ...

A presidente não condena as ditaduras, pelo menos não as comunistas, por mais tirânicas e longevas que sejam. O ex-presidente Lula da Silva é mais moderado
Dilma Rousseff e Lula da Silva: a primeira radicalizou o apoio às ditaduras; o segundo mantinha relação positiva com George W. Bush
Dilma Rousseff e Lula da Silva: a primeira radicalizou o apoio às ditaduras; o segundo mantinha relação positiva com George W. Bush
Quando Lula em 2003 assumiu a Presidência da República, por astúcia, entregou à “es­querda revolucionária”, à qual nunca pertenceu, duas pastas importantes de seu governo: a da Justiça e a das Relações Exteriores. Entregou ainda duas pastas secundárias, a do Desenvolvimento Agrário e a dos Esportes.

Com esses “brinquedinhos” nas mãos, a esquerdalha não aborreceu Lula — como ele queria — durante seus oito anos de governo, permitindo que ele dirigisse a economia com todos os instrumentos do conservadorismo, herdados do governo anterior, e manejados com competência por Antônio Palocci e Henrique Meirelles.
Os estragos que uma administração de esquerda brava traz consigo sempre são grandes, mas, em nosso caso, ficaram mais ou menos limitados àquelas duas áreas mais importantes. Nas outras duas, a confusão foi menor. A balbúrdia na área agrária é doença crônica, vem desde Fernando Henrique Car­doso, e a cura depende de um go­verno que, planejado e corajoso, enquadre o MST.
Na área dos esportes, houve roubalheira por meio de ONGs ligadas ao PCdoB, descoberta pela imprensa, e aparentemente coibida quando Aldo Rebelo substituiu Orlando Silva como ministro.
Na Justiça e no Itamaraty é que a coisa foi — e é — séria. Surgiu uma tentativa, logo no início da era Lula, de transformar a Polícia Federal em polícia política. Houve reação interna na instituição e externa em vários setores (até no Supremo Tribunal Federal), mas principalmente na imprensa, e a coisa não foi muito adiante.
Mas cresceu o crime organizado e desandou a segurança pública, até chegarmos aos 50 mil assassinatos anuais. Disseminou-se o consumo de drogas, até surgirem a céu aberto as cracolândias. Bandidos se sentiram estimulados pela absurda criminalização da ação policial, pelo não menos absurdo desarmamento da população e pela incrível condescendência com os piores criminosos, elevados à categoria de vítimas do sistema capitalista ou de pobres crianças sem discernimento entre o bem e o mal.
Inocentes atletas cubanos que buscavam asilo no País foram entregues à ditadura castrista, en­quanto assassino condenado por tribunais democráticos italianos recebeu liberdade e refúgio no Brasil, por ser comunista.
Enquanto isso, o Itamaraty passou a servir de cúmplice de ditaduras de esquerda, quer no Oriente, quer na África, ou na América Latina. Calou-se quando Evo Morales tomou militarmente os bens da Petrobrás na Bolívia. Apodreceu, em poucos anos, a sadia reputação que nossa política externa amealhou em mais de um século.
Mas a economia de certa forma manteve-se nos trilhos, o empresariado continuou trabalhando e lucrando, e a personalidade de Lula amenizou os estragos que a ignorância esquerdista provocou em nossa imagem no exterior. Basta dizer que George W. Bush, que a esquerda latino-americana tinha como demônio (Hugo Chávez chegava a sentir cheiro de enxofre nas suas proximidades), se dava bem com Lula, e dedicava a ele certa afeição.
Pecados foram cometidos, no campo da corrupção, e não poucos. Aparelharam-se as principais instituições brasileiras (como Banco do Brasil, Caixa Econômica e Pe­trobrás), surgiram o mensalão e os casos Lulinha e Rose Noronha, mas a marcha ideológica do País continuou, no geral, mais ou me­nos democrática.
Os radicais tentaram estabelecer uma censura à imprensa, mas Lula nunca os apoiou no intento, que teve repúdio geral. A eleição de Dilma Rousseff representou a ampliação dos males da era lulista, por um lado, e por outro, a redução da parte virtuosa, democrática, do governo antecessor. Lula nunca foi de esquerda radical. Dilma foi e é.
Se falarmos da Justiça, nada veio a melhorá-la na era Dilma. Con­tinuando nas mãos da esquerda ignorante, só cresceu o caos da segurança pública, com o acréscimo das depredações nas manifestações de rua e incêndios de ônibus (ações comandadas pelo crime organizado), vistos como inocentes “manifestações populares”, que não se deve coibir ou criminalizar.
Dinheiro oficial paga o banditismo do MST. Cresceu o pandemônio interno nos presídios.
Teve sequência a farra de indenizações aos “perseguidos da ditadura”, gastando bilhões na compra em dinheiro da “dignidade” de perseguidos reais ou imaginários do regime militar.
Elevou-se ao paroxismo a guerra à “ditadura militar”, chegando a se criar uma “Comissão Nacional da Verdade”, um ajuntamento de nulidades com a missão de descobrir não a verdade, mas só a metade dela, negando a outra, como se a verdade não fosse una e indivisível.
Cabe aqui uma ponderação: será sincera essa aversão tão radical à ditadura, proclamada pela presidente? Ora, dirá o leitor, a sinceridade está à flor da pele de Dilma, que foi presa e torturada durante o regime militar. Por isso ela não pensará diferente. Condenará até o fim da vida as ditaduras. Não é o que penso.
A presidente foi presa e talvez até tenha sido torturada, mas não condena as ditaduras. Pelo menos, não as de esquerda. Apoia e se sente em casa no que respeita, por exemplo, à ditadura cubana, perto da qual o regime militar brasileiro foi apenas uma branda democracia autoritária.
A presidente nunca condenou os fuzilamentos e as torturas que frequentam há mais de 50 anos os porões das prisões políticas da ilha de Fidel e Raúl. Pelo contrário, os ignorou, e de certa forma os justificou, quando, toda risonha, se deixou fotografar ao lado dos ditadores cubanos, que acabava de brindar com elevadas somas de dinheiro brasileiro, dinheiro que faz falta aqui, em nossa infraestrutura, saúde, educação e segurança.
Foi agora, em seu governo, que se implantou o programa Mais Médicos, iniciativa que seria louvável se obedecesse às simples regras de contratação livre de trabalho. Mas que é, na verdade, um ato ditatorial e o exercício de uma moderna, mas deslavada escravatura. Um atentado à dignidade humana. Aqui, significa um endosso à ditadura castrista e uma vergonha para qualquer brasileiro decente.
A ditadura esquerdista de An­gola, uma corrupção monumental, recebe, também, apoio e dinheiro brasileiro em acordos secretos, fora da Lei de Acesso à Informação. Por que será?
Não, a presidente não condena as ditaduras. Pelo menos não as comunistas, por mais tirânicas e longevas que sejam. E ranço de esquerdista latino-americana: se Lula, como dissemos, convivia bem com a direita americana, com o próprio George W. Bush, Dilma não suporta sequer a esquerda dos EUA, tendo se indisposto com o que há de mais canhoto ali, seu demagogo presidente Barack Obama.
Sou capaz de apostar que a presidente abomina os EUA a ponto de não tomar Coca-Cola. O apoio da presidente às ditaduras continua, mais escancarado que antes, quando se trata dos “bolivarianos” que vêm sufocando as instituições democráticas em seus países, tendo mesmo demolido a oposição e a liberdade de imprensa na Argentina, na Bolívia, no Equador e na Venezuela.
Mas o desastre maior, onde Dilma perde longe para o antecessor, é na economia. As ideias superadas não abandonaram o imaginário da presidente, que vê na mão centralizadora do Estado a solução de todos os problemas econômicos, e no “mercado” uma entidade satânica, pronta à exploração dos povos, sem nenhuma virtude, tolerável apenas parcial e temporariamente. Ideias de Lênin e Stálin.
Foi com essas ideias tortas e sem assessoria capaz e independente na Fazenda e no Banco Central que a presidente — que se julga economista — levou o País ao crescimento irrisório, à inflação crescente e ao descrédito externo.
Equívocos sucessivos desandaram o setor energético. A infraestrutura urbana, se é caótica no geral, em casos particulares, como no que interessa à Copa do Mundo, é ainda pior.
Quando, premida pelo tempo, a presidente se viu na contingência de privatizar aeroportos, ela, que é visceralmente contra a medida, adotou-a pela metade e tardiamente, comprometendo sua eficácia.
Numa tentativa canhestra de esconder índices desfavoráveis da economia e da vida social, o governo resolveu seguir o caminho argentino da “contabilidade criativa”. Fal­sificou dados do superávit primário do ano passado, exportando no papel plataformas de petróleo que nunca saíram daqui. Enfrenta rebelião de funcionários do IBGE, que felizmente rejeitam interferência política nos trabalhos — essencialmente técnicos — do órgão.
A presidente não tem alcance para perceber que esse proceder só não é facilmente desmascarado onde a ditadura é total, e que acaba por se refletir, também negativamente, sobre o País. E ela se irrita quando publicações externas de economia criticam o Brasil, ou agências de risco o rebaixam. Lula não estudou, mas aprendeu com a vida. É arguto, inteligente, ainda que nem sempre para o bem. Dilma estudou e viveu, mas parece não ter aprendido com uma coisa nem outra.

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